Hoje meu pai estaria completando 77 anos, mas desde 2004 não comemoramos mais juntos! Infelizmente!!! Sinto muito a sua falta, que sempre foi meu modelo, meu companheiro, meu conselheiro, meu exemplo. Sou a filha mais velha e, quando nasci, ele já tinha 40 anos! Mesmo assim, e talvez por isso, foi um paizão!
Chega a ser curioso, mas é ele o modelo que tento seguir com meus filhos! Tento ser com eles como meu pai foi comigo: companheiro, ouvinte, amigo. Sempre uma palavra sábia, um gesto carinhoso, uma alegria contagiante... E ele deixava transparecer a todo momento que se sentia realizado pelos filhos que tinha. Mesmo quando endurecia - pais precisam ser firmes, eu sentia seu amor.
Costumo dizer que tem dois tipos de amor: o amor que acolhe e o amor que afasta. Meu pai é um dos melhores exemplos que tenho do amor que acolhe, aquele que aceita, ouve, compreende. Bem diferente do amor que afasta, cheio de cobranças, julgamentos, lamúrias e que incute a culpa.
Sei que não devia, mas fico muito triste quando vejo fotos do meu pai. Sinto falta do seu colo, do seu cafuné, do seu abraço apertado e de andar de mãos dadas com ele. Do seu sorriso, dos seus conselhos e dos seus lindos olhos azuis. A partida de meu pai não foi tranqüila, seus últimos dias foram na frieza de uma UTI. Também por isso me emociona tanto a sua ausência. Quem sempre deu tanto amor, estava sozinho nos seus últimos momentos. E eu estava longe. Estas lembranças me tocam demais. Outra herança de meu pai, italiano emotivo, passional, que desde pequena me dizia: "Homem chora, sim, minha filha!". E eu acredito, porque o vi chorando várias vezes: de alegria, de tristeza, de indignação, de contentamento. E é uma mistura desses sentimentos que me fazem chorar agora!
O menorzinho, pouco tempo depois perdeu seu trono de caçula, quando nasceu mais um irmão. Dos meus tios, a única viva é a mais nova das meninas: tia Elvira, que não vejo faz tempo. Ela mora em Santiago, Chile, há mais de 40 anos